sexta-feira, 8 de dezembro de 2023
Mundo,
Eu te peço desculpas pela minha rabujice...
Quando não consigo entender ou aceitar tudo em que voce tem se transformado...
Quando acho mediocres as suas opções preferenciais, as suas escolhas do destino...
Quando me sinto perdido no meio de uma gente estranha em que não me reconheço ...
Quando fico assustado com a sua volúpia, sua velocidade de autodestruição...
Quando eu preferiria que você parasse de girar tão enlouquecido ...
Quando já não sei mais contar e nem administrar as minhas perdas, quando o tempo e a morte são inexoráveis e quando viver parece ser a gente cursar uma grande escola de administração de perdas...
Quando eu me sinto insatisfatório e obsoleto, mais e mais a cada minuto, porque pertenço a um outro tempo em que você era mais lento e analógico... Quando você se torna desabaladamente digital e eu te acho cada vez mais mentiroso, desumano e tenebroso em meio a todas formas de lixo, que eu acho obsceno, lixo de uma desumanidade egoista e hedonista...
Quando eu tenho o pavor de lembrar que voce é fruto de um Sol criador miraculoso, mas que não passa de uma fornalha assassina com sua coroa de raios e línguas eletromagnéticas...
Quando eu lembro que jamais a tua vida inteligente esteve tão vulnerável, apoiada numa única pilastra eletronica de semicondutores que podem congelar com um mero sopro coronal...
Quando eu lembro que tudo o que somos e construimos em milhares de anos não é nada além de um átomo de tempo e pode ser varrido num suspiro de uma estrela distante, numa espiral periférica de uma galáxia secundária absolutamente trivial entre trilhões de outras,
Desculpe Mundo, se eu sou pequeno e limitado...
Desculpe por eu te incomodar com minhas palavras, aqui, tão incompletas, que prometo ir completando à medida que o meu fluxo de memória vá se lembrando de tudo o que eu queria te dizer, mundo ....
Que eu queria ter muito mais tempo e condições pra contemplar toda a sua grandeza, tantos lugares, histórias e coisas incríveis que eu apenas serei capaz de, na melhor das hipóteses, tangenciar e ohar de relance, como uma sequencia de slides, sem jamais aprofundar nada ...e então sou um aprendiz fadado a não sair do jardim da infância...
By Guilherme Arantes
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